AS DORES NÃO ESTÃO NO CONTROLE. CRISTO SIM!
Imagem: Daniel Simões
Faze-me ouvir júbilo e alegria, para que gozem os ossos que tu quebraste. Esconde a tua face dos meus pecados, e apaga todas as minhas iniquidades. Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova em mim um espírito reto. Salmos 51:8-10
Fui diagnosticada portadora da síndrome de dor crônica ainda na adolescência. Na infância lutei contra a anemia e puberdade precoce, fato que alterou a minha imunidade. Sofri violência no lar, fome, medo, e cresci depressiva.
Penso que os fatores que desencadearam a dor crônica vão desde as condições socioeconômicas, nas quais afetam a qualidade de vida, aos fatores emocionais e espirituais.
As dores musculares foram companheiras por toda a minha estrada e ainda caminham comigo, porém antes caminhavam à minha frente.
Cresci dando muita importância a dor e fiz dela desculpa e justificativa para exercer a minha vontade, intensificando a fragilidade que a dor causa no corpo e na mente.
Aos trinta e cinco anos, já casada e com dois filhos, recebi outro diagnóstico: fibromialgia.
A medicina não reconhecia essa doença como real e por não encontrar nada no corpo além de dores, a enquadrou nas doenças psiquiátricas e neurológicas. A fibromialgia é definida como uma síndrome dolorosa crônica associada a outros sintomas.
No fim dos anos noventa, outro diagnóstico surgiu: miosite muscular generalizada.
Não vou contar os detalhes desta luta, mas posso dizer: se você tem a Cristo como salvador e crer em sua Palavra, sabe que Deus não impõe aos seus filhos provas que eles não possam suportar.
Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que não vos deixará tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar.
1 Coríntios 10:13
Demorei muito para crer nesta promessa e mudar minha relação com a dor.
Primeiro, procurei vários tratamentos, incluindo a medicação controlada, os antidepressivos, os neuromoduladores, ou indutores do sono. Um longo e dispendioso tratamento farmacológico que só crescia dia a dia.
Cheguei a tomar 22 comprimidos ao dia com a ilusão de não sentir dor, porém minha mente vivia constantemente dopada, meu corpo sem energia e meus pensamentos inquietos e distorcidos pelo efeito da medicação.
Além da medicação, outros tratamentos que feriam as minhas convicções de fé eram aconselhados. Como as terapias holísticas, hemoterapia, regressão, sessões com os psiquiatras, fisioterapias, e minha vida tinha como centro a doença.
Era tratada por uma equipe médica, seguia todas as prescrições e quando alguém questionava o meu triste estado eu respondia: "tenho fibromialgia, uma doença incurável e que ninguém entende, então, vocês precisam me deixar quieta e aceitar a minha condição."
Um certo dia, ao mudar a equipe médica entrei no consultório do psiquiatra. Um homem já idoso que olhou para mim e disse: você é cristã? Católica, ou evangélica? Respondi: Sou cristã, sigo a Jesus.
Ele continuou: se você segue a Cristo, porque não é feliz? Porque não é contente?
Respondi:- Eu sou feliz.
Ele me olhou e disse: não é. Você é muito insatisfeita. Prefere seguir a sua doença e deixa Cristo caminhar ao lado, prefere ser dopada do que mudar seus maus hábitos, prefere curtir as dores do passado do que entregá-las nas mãos de Cristo e não quer olhar para frente.
Fiquei chocada.
A angústia cresceu em meu coração, fiquei muda. Estava indignada. Como um homem que não me conhecia poderia julgar meus sentimentos e a minha relação com Cristo?
Levantei-me e saí daquele consultório com uma forte dor no peito. Passei o dia sem querer comer e as palavras daquele homem remoíam em minha cabeça. As dores chegaram ao ápice e desejei morrer. Após dias de choro, raiva, pesadelos...
Cheguei a conclusão que ele tinha razão. Eu não tinha nenhuma intimidade com Cristo. Era cristã de boca, mal orava, pouco conhecia da Palavra e estava educando meus filhos na mera religiosidade.
Me senti envergonhada, e observei o quanto perdi por deixar a doença ser meu ídolo.
Confessei meu pecado a Cristo, renovei minha aliança e me debrucei em suas promessas.
Mudei radicalmente a alimentação, entendi perfeitamente que o corpo é santo e que pertence a Deus, assim merece ser tratado primeiramente com os recursos naturais que Ele nos concede.
Fiz o desmame da medicação, ou seja, Deus me deu forças para deixar toda medicação controlada.
Também reconheci que as sombras do passado inquietava a minha alma, era preciso tratar o meu coração e não viver com foco na velha natureza, mas com o coração novo recebido de Cristo. É bem assim, como diz o salmista:
Cria em mim, ó Deus, ó Deus, um coração puro, e renova em mim um espírito reto. Não me lances fora da tua presença, e não retires de mim o teu Espírito Santo. Torna a dar-me a alegria da tua salvação, e sustém-me com um espírito voluntário. Salmos 51.10-12
Aprendi que o melhor remédio para nossa alma, não está a venda, mas é acessível a cada um de nós: Cristo nos é Suficiente.
Viver com Cristo é suportar com alegria e sabedoria os espinhos da carne. Colocando os sentimentos no lugar certo e vivendo na dependência do Espírito. Não confiando em si, ou em homens.
Não foi fácil desintoxicar o corpo de tantas drogas, pois o período que elas agiram foi longo.
Não foi fácil mudar os maus hábitos alimentares, sedentarismo, assim como mudar o pensamento acerca dos conflitos da vida.
Também não foi simples, ter uma disciplina espiritual verdadeira.
Cristo havia estendido-me a sua mão desde o dia em que me achou. A sua graça invadiu a minha vida, mas eu não havia segurado nas mãos de Cristo. Nem tampouco, sentado aos seus pés.
Sem percebermos podemos deixar que as nossas fraquezas sejam as correntes que escravizam nossa existência. Transformamos os maus hábitos, sentimentos, emoções, e os fatos do passado, em ídolos. Nossas prioridades centralizam-se na temporalidade.
Intensificamos os sofrimentos, negando a ação da graça de Cristo em nossas vidas.
Hoje aos cinquenta e três anos, tenho mais sequelas das medicações abusivas do que da suposta fibromialgia. Já enfrentei o câncer, luto com a sobrecarga da medicação no fígado e desenvolvi alergias respiratórias e alimentares, porém estou livre da insatisfação.
Sinto dores ainda, sei que viver dói, mas elas não estão no controle de minha vida. A dor maior é pela desobediência a Deus.
Pela graça de Cristo, meus pensamentos voltaram ao foco certo, sou serva do Senhor, tenho limitações e aprendi a viver com elas. Sou uma mulher ativa, mente transformada pela Palavra, sou esposa, mãe, avó e poetisa.
Curto a vida, a natureza, a beleza de Cristo.
Deus tem desenvolvido os meus talentos para sua Glória. Como este de escrever. Estou feliz. Sou contente.
Excelente texto.
ResponderExcluirVocê é um exemplo de fé e sabedoria.
Glórias a Deus! Um testemunho que amo lê,e sinto as verdades escritas e faladas,até porque mesmo distante já te admiro e és um exemplo de crente perseverante,dedicada a obra.
ResponderExcluirMuito me edifica seu testemunho diário.
O Senhor te fortaleça,dê ânimo a cada dia parao Seu louvor.
Diante de um testemunho desse não tenho dúvida que a misericórdia e a graça de CRISTO são evidentes na vida da irmã, e essas marcas foram transformadas em marcas de valor pois estão cheias da multiforme presença de DEUS na vida da irmã. Toda honra e glória a Ele,JESUS. Amém!!
ResponderExcluirVc fala com propriedade, pois sei que em Cristo tem vencido dia a dia. Pra vc que está lendo esse texto, sugiro de coração que medite sobre essas coisas, o passo a passo que ela viveu e tem avançado, e o faça também. Viver e sobreviver são duas coisas diferentes.
ResponderExcluirAmém amiga! Louvado seja Deus que te da forças para enfrentar todas as dificuldades da vida. Sua história é inspiração para nós. A parte onde você fala em ser " crente só de boca" mexeu comigo. Devo rever meus conceitos de Fé Cristã.
ResponderExcluirQue o Senhor Jesus, continue cuidando, sustentando, protegendo, dando - lhe saúde, sabedoria e ABENÇOANDO VOCÊ e sua FAMÍLIA 🙏
ResponderExcluirUau amiga! Isso que chamo de "descobrir um coração"! Não é fácil desnudar-se dessa maneira, mas a humildade sempre toca os corações e leva o Senhor a derramar ainda mais graça em nossa vida e é o que desejo para vc amiga. Com certeza, hoje há muitas pessoas enfrentando as "doenças da alma" que acabam trazendo problemas físicos, mas não se deram conta ainda que a raiz disso está no nosso coração mesmo e é lá que Deus quer iniciar a cura. Admiro seu texto porque é preciso coragem para compartilhar essa visão, é quase como cutucar um ninho de vespas...rsrs Mas tão necessário nesse mundo em que as doenças da alma estão tomando conta e tendo apenas um "tratamento sintomático"... Deus abençoe!
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